Planejamento Pastoral COM FUNDAMENTAÇÃO DO CARISMA SERVITANO

30/03/2011 20:05

 

Planejamento Pastoral[1] COM FUNDAMENTAÇÃO DO CARISMA SERVITANO (Por Diác. Frei Antoniel de A. Peçanha,MsS)

 1 – O que é planejar?[2]

Planejar é organizar cientificamente a ação da Instituição, ou parte dela, do setor ou serviço, em nosso caso, o IMSS, no que tange aos trabalhos pastorais dos postulantes nas paróquias assistidas por nossos frades. Assim, vale recordar nossa regra fundamental: a vida de nosso Senhor Jesus Cristo (NSJC), para imitá-lo com humildade e confiança, com toda possível perfeição, em toda a atividade (...) de seu público ministério evangélico, para a maior glória de Deus, nosso Pai celeste, para a maior santificação de nossa alma e da de nosso próximo. Por isso, o homem que entrar para este Instituto Religioso somente o fará impelido por perfeito amor a Deus e ao próximo e para assegurar também a eterna salvação da própria alma. É implantar participativamente uma intervenção na realidade, perguntando-nos, em cada uma das circunstâncias do dia, como pensaria, falaria ou agiria NSJC. É dar clareza e precisão a ação de uma pessoa, grupo, serviço ou instituição. É deixar de improvisar. É prever. É projetar o futuro. É pensar ANTES qual o melhor caminho para CHEGAR.

Quando nós não planejamos, improvisamos, sem perceber que outros estão planejando para nós e nos levam na conversa, além do risco de não se chegar a nenhum resultado, por isso, para alcançar mais copioso fruto em todas as iniciativas evangélicas de imitação de NSJC, devemos nos esforçar por fazer o bem a todos os necessitados de todo tipo, especialmente aos ciganos, com a prática de todas as obras de misericórdia corporal e espiritual.

 2 – Por que planejar?

Na medida em que queremos realizar alguma ação precisamos esclarecer bem qual o MOTIVO, ou quais os motivos que nos levam a realizar tal ação. Ação é considerada EFICIENTE quando é bem feita. Quando além de eficiente ela for também TRANSFORMADORA, será considerada EFICAZ. Uma vez que “a Igreja, Povo de Deus peregrino na História, tem a missão de ser luz, sal e fermento no mundo. Estando presente na sociedade, a Igreja como um todo — tanto os fiéis individualmente como os grupos, instituições e organizações eclesiais — vive profunda relação de influência mútua com essa mesma sociedade. Crescendo na fé, o Povo de Deus vai tomando consciência cada vez mais clara de sua dimensão profética, que anuncia o Senhor e o seu Reino, e denuncia tudo quanto avilta o homem, imagem e semelhança de Deus. Vai tomando consciência, igualmente da missão que lhe cabe de contribuir para a transformação da sociedade.”[3]

Quando realizamos ações apenas eficazes não estaremos em nada contribuindo para a transformação das estruturas injustas que nos rodeiam.

O primeiro motivo que nos leva a planejar é a necessidade de realizarmos ações EFICAZES, transformadoras. Nisto nós temos um compromisso a partir da nossa fé. Não podemos conviver com as injustiças gritantes que estão aí.

Um segundo motivo importante que nos leva a planejar é a escassez de recursos. Quanto menos recursos eu tenho, mais a minha ação precisa ser planejada.

Existe ainda um terceiro motivo que nos obriga a realizar ações planejadas. É a complexidade da ação. É a complexidade dos problemas. Quanto mais complexos forem os problemas ao meu redor mais eu preciso planejar, pois a complexidade dos problemas vai me absorvendo e eu necessariamente vou cair num ativismo.

 3 – Para que planejar?

Não apenas que eu tenha os motivos que nos levam a realizar um planejamento. É profundamente importante que eu tenha claro também qual a FINALIDADE das ações que vou planejar.

Tendo presente que a estrutura atual da nossa sociedade se apresenta como uma estrutura de pecado, de injustiça e de morte, é sumamente importante e se faz necessário que, através de um planejamento participativo, dado que “é o Espírito que convoca e reúne seu povo para viver em comunidade, conforme o carisma e a missão que a cada um são concedidos, segundo o dom de Deus” e assumido por todos os participantes do grupo, setor ou serviço, possam interferir nessa estrutura e mudá-la em estrutura de graça, de justiça a de vida. Tal interferência pode se dá porque o IMSS funda-se na caridade, para promover em todos os fiéis, de todo estado, qualificação, classe, condição e sexo, o mais perfeito e atuante exercício das obras da caridade e da misericórdia, para a maior glória de Deus e de sua Santíssima Mãe Imaculada e Serva, e para a maior santificação das pessoas. Por isso todos devem estar sempre animados pelo verdadeiro espírito da mais perfeita caridade.

Por isso precisamos ter uma ação planejada para interferir na estrutura, comprometer-se com a transformação e estar junto como povo na construção da nova sociedade.

Tendo em vista estas razões parece-nos importante compreender bem alguns termos:

 A) O que é planejamento?

É um processo de tomada de decisão (ões). Processo significa uma série continuada de ações, de reuniões, discussões, reflexões e decisões que vão envolvendo todos os participantes do grupo, do setor ou do serviço que planeja. É sentar ANTES, DURANTE e DEPOIS da ação.

B) O que é plano?

É o registro das decisões tomadas participativamente pelo grupo que esteve envolvido no processo de planejamento. Planejar não é fazer PLANO e nem tampouco escrever um cronograma ou um calendário de atividades pura e simplesmente. Nisso tudo o mais importante é o PROCESSO de tomada decisões (o planejamento), e não o registro dessas decisões (o plano em si).

 C) O que é ação?

É o ato de interferir na realidade. Este ato de interferir na realidade pode ser planejado ou não. No primeiro caso nós teremos uma ação que tem tudo para ser Eficaz e provocará transformações. No segundo caso nós teremos um simples ativismo, que certamente não vai levar a nada. Pelo contrário, vai deixar todo mundo iludido de ter feito uma coisa boa, apenas isso. Em todo esse processo de planejamento o essencial é a ação refletida. Só ela é capaz de transformar as estruturas de injustiça em estruturas de justiça. O plano em si, caduca. É um instrumento relativo. O planejamento enquanto tal, rejuvenesce, reorganiza a ação do setor do grupo, da pessoa, do serviço. O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO é um processo altamente importante porque é profundamente QUESTIONADOR. Os autoritários, os “donos da verdade” e os acomodados não querem nem saber de planejamento.

 4 – Três metodologias de planejamento:

 Temos três tipos de metodologia:

  • PARA O POVO – Neste o poder é exercido de maneira dominadora, ditatorial. A participação do povo quanto à preparação elaboração do plano é NULA. Quanto à sua execução é IMPOSTA e quanto ao resultado, também é IMPOSTO. A GESTÃO (gerência, administração, direção, governo) exercida neste primeiro modelo é o que se chama de HETERO-GESTÃO, isto é, gestão exercida por outro, que não o povo. Será exercida por um pequeno grupo separado do povo.

 

·         PLANEJAR COM O POVO – O poder é exercido como um PODER A SERVIÇO. A participação do povo na preparação e/ou elaboração do plano é controlada. Na execução do plano, acontece a partir de uma conciliação e o resultado do plano é de uma forma negociada. A gestão neste modelo se chama de “CO-GESTÃO”. Há um pouco de participação do povo na gerencia das coisas por pessoas não representadas, ou até razoavelmente representativas. Este modelo de planejamento nos diz muito claro que ‘os que têm o poder nas mãos cedem em algumas coisas não essências para parecer que existe uma participação que é muito pequena e até insignificante, tornando-se ilusória.

O poder mesmo fica nas mãos de poucos, muito poucos, que o controlam com usura. Há uma acentuada semi-ditadura.

 

  • PLANEJAMENTO DO POVO – Neste tipo o Poder é exercido como um SERVIÇO. A participação do povo tanto na preparação e/ou elaboração do plano, quanto em sua execução e no seu resultado é CORRESPONSÁVEL E DE COMUNHÃO. A GESTÃO neste modelo de planejamento é realmente própria do povo. Por isso se chama de AUTOGESTÃO. Este é o ideal de planejamento, participação e gestão. Neste também um real empenho de conversão e as pessoas vão se libertando. Este processo provocará uma vivência e convivência mais forte em fiel TESTEMUNHO cristão-libertador. Este planejamento é mais promissor tendo em vista que, o coordenador, responsável, superior, tenha o título que for,“terá a atitude do servo que ajuda o seu senhor no desempenho do seu ofício. Deverá considerar-se servidor de todos, e quanto mais amplo for o campo de sua competência, mais vasto será o alcance de seu serviço”.

 5 – Planejamento Participativo     

 Estamos buscando compreender como se realiza um planejamento. Para descrever isso precisamos nos orientar por alguns passos metódicos. A palavra METODOLOGIA vem da língua grega (METÃ – através de: ODÕS – caminho e quer dizer uma ação realizada ATRAVÉS DE UM CAMINHO constante e seguro.



[1] O texto que não se encontra em itálico, em seu original, é dos autores Marcos Sandrini, Maria Augusta Ghisleni e João Pedro da Silva.

[2] São meus acréscimos, todo texto em itálico, conforme interpretação de nossa Regra de Vida, por Dom José Edson!

[3] Doc. 38  - Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da CNBB. Número 142