Advento: “O Senhor está pra chegar”

04/11/2010 15:40

O centro da fé cristã é Jesus Cristo, dele a Igreja procede, em seu nome a Igreja se apresenta como continuadora de sua obra. Jesus é a revelação plena do amor de Deus para a humanidade: sua vida, obra e missão manifesta a proximidade amorosa de Deus para cada ser humano.

Uma vez que a vida de Jesus é a própria manifestação do projeto de Deus, a Igreja busca introduzir os seres humanos na dinâmica de sua vida. É nessa ótica que está estruturado o ano litúrgico da Igreja. O ciclo litúrgico anual nada mais é que a celebração dos grandes eventos da vida de Jesus pelos quais foi operada a nossa salvação. Assim, o tempo pascal busca introduzir os fiéis no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, pelo qual foi destruído o pecado e redimido o ser humano; o tempo quaresmal é uma preparação, um retiro, que fazemos antes da Páscoa, para nos prepararmos bem para celebrar a Páscoa do Senhor em santidade; o tempo comum vem nos mostrar os grandes ensinamentos de Jesus, sua missão de anunciar a chegada do Reino de Deus, da salvação; e, por fim, o Advento é tempo de preparação para a chegada do grande evento salvífico que mudará substancialmente a história da humanidade e marcará um novo tempo de aproximação entre Deus e o ser humano: a Encarnação do Verbo, o Filho de Deus que se faz carne, o nascimento de uma criança que muda a história da terra.

Destarte, chamamos Advento, ou Tempo do Advento, ao tempo de preparação para a vinda de Jesus Cristo que celebramos no Natal. A palavra Advento tem sua origem na língua latina, com o termo “Adventus”, e significa: “chegada” ou “chegada do Salvador”, o correspondente no grego para advento é parusia que diz respeito à segunda vinda de Cristo. Portanto, advento lembra aos cristãos o grande mistério: Jesus Cristo nasceu! Jesus Cristo ressuscitou! Jesus Cristo retornará! Os dias do advento que antecedem o nascimento de Jesus, centro da nossa fé, são, pois, de espera; espera como tempo de preparação para receber o Salvador. O símbolo principal do Advento é, sem dúvidas, a luz, pois a luz destrói a escuridão, representa a esperança e a luta contra o mal. Jesus é a luz que vem iluminar o mundo. Por isso, nesse tempo, esperamos com ansiedade essa luz que destrói as trevas do nosso pecado e ilumina nossos corações para o bem e a paz.

O tempo do advento se prolonga por quatro semanas, nesse período podemos apontar duas etapas complementares: na primeira que vai do primeiro domingo do Advento até o dia 16 de dezembro a Igreja busca sublinhar com mais profundidade o aspecto escatológico, ou seja, do fim, da segunda vinda de Cristo; somos, por isso, motivados a estar preparados para esse retorno glorioso de Jesus Cristo. Perceberemos, nesse sentido, que as leituras da Missa nesse período convidam à vivencia da esperança; por um lado, esperança na vinda final do Senhor que vem salvar seu povo e, por outro, esperança na vinda do Senhor agora, ou seja, em cada dia de nossa vida, sua vinda que acontece no nosso dia a dia.

Em uma segunda parte do tempo do Advento, que abarca desde o dia 17 até o dia 24 de dezembro, a liturgia se concentra mais na festa do nascimento do Senhor propriamente, isto é, nesse período começamos a preparar o Nascimento do Senhor, o Natal. A Igreja convida seus fiéis a viver com alegria, porque estamos cada vez mais próximos do cumprimento da grande promessa de Deus para a humanidade. Vemos que os evangelhos dos domingos nessa segunda etapa começam a falar diretamente do nascimento de Jesus, para culminar no dia 25 de dezembro com o: “Eis que vos anuncio uma grande alegria, nasceu hoje para vós, um salvador que é Cristo Senhor” que é o ápice da revelação divina, isto é, Deus desceu dos céus e agora tem um rosto de homem e falará face a face com todos os seres humanos na nossa própria língua.

Para fazer mais perceptível essa dupla espera, isto é, que o Senhor virá um dia, e que o um menino nos será dado, a Igreja pede que se retire durante o período do Advento vários elementos festivos. Assim, na Missa não se tem o glória, pede-se que não se use instrumentos musicais desnecessários para uma celebração mais sóbria, as cores litúrgicas são mais moderadas, e a decoração das igrejas ficam mais suavizadas; isso para lembrarmos que estamos ainda na espera daquele que há de vir. Tudo isso é uma maneira de nos lembrar que durante a nossa peregrinação terrestre falta algo para que nossa alegria seja completa. Só espera aquele a quem falta alguma coisa. Quando o Senhor estiver no meio do seu povo, chegará para a Igreja sua festa completa. Essa alegria da festa completa a Igreja expressa na Solenidade de Natal, onde deve haver glória, sinos, festa, alegria, pois o Senhor chegou para nós e nos salvou com sua presença redentora. 

Ciente de tudo isso, nos prepararemos bem para receber o Senhor que vem ao nosso encontro com palavras de amor, de esperança e de salvação para todos os seres humanos. Que ao chegar o Natal nosso coração já seja a manjedoura onde a Virgem Maria poderá repousar o seu recém-nascido e que junto a nós os anjos possam cantar o seu hino de louvor ao Pai das misericórdias por tão grande dom aos seres humanos. Um santo e feliz Advento para todos e um Natal repleto de felicidades, amor e paz para todas as nossas famílias. Amém!

  Por Luiz Eduardo Arcangelo de Oliveira, postulante MsS